quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Inventário

Agora, adianta alguma coisa? Vamos, com toda sinceridade.
Se quando apago a luz do quarto, tudo que ele tocou se estrela, e eu passo a noite em claro tentando dar nome às constelações. Abril, maio, junho, desatinei de prosa e poesia: peguei mania de inventário. Há certa ciência do resto, de resto, pouco se me dá. Um dia eu vou ficar velho, cansado e parnasiano, e ele vai continuar perdendo vôos e me telefonando de madrugada, perguntando se tem lugar no meu sofá. Então, será um riachinho de baba na almofada muito branca, e três baganas enfileiradas na tábua corrida amanteigada de sol, uma manhã como outra qualquer. É outubro, novembro, dezembro, e o que me sobra: um par de cuecas azul-piscina, um desenho tosco dum menininho segurando a minguante por um cordão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Constelações, calendários e luas. Hum, ou tu és um antigo mesopotânio ou temos um astrologo frustrado... A mentecapta que substituiu os calendários lunares pelos atuais, só fez variar as datas das estações e das festividades. A lua é tão mais misteriosa e bonita do que Julio César ou César Augusto.
[Julho (Júlio César), Agosto (César Augusto)]. Qual nome tu deste as contelações? Só tu é que tens cosmos próprio. Talvez seja rejido por signo próprio, que ninguém mais tem. Mas a pergunta que realmente não quer calar:
Que é ele?