quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Cartografia
I.
Lembra-me o tio que – tão casual – lamentava
-- versos libérrimos --
casório temporão inquilinas imprevistas na mulher-baleia
expectoradas com gala vividas no horror
no tropeço na arritmia.
Senão as odes marítimas do avô
o classicismo singelo
o amor imperioso sublime --
devo admiti-lo
pelos idos do rosto liso
todo assombrado do mistério das coisas --
uma chispa de inveja?
Quietos de distância ou morte
já não me levam na mira
entanto goteja nos canos
a lágrima gorda
é a mesma lágrima gorda.
Grandes grandes
como a gente de nossa infância
será sempre grande
sempre odiosa e grande.
II.
A ferrugem; a precariedade.
Gotejam nos ossos meus ossos
as loas longas ausências e lentidões
meu sossegado alcoolismo suburbano
ah
tem me posto trêmulo
ah
(refrão)
tremulam palavras canos ossos dor monstruosa que veda a noite
meu sossegado alcoolismo suburbano
não mente. O trato às soberanas da Lapa
não mente. Por fim a entrevação
não mente – leque de cartas sobre a mesa. Vivíssimas.
III.
Que vida folgam essas unhas
nos meus nervos? Que vida
se me parte e se exonera da
carne própria pele pêlos para
refazer-se a mãos alheias?
Que ferruginoso sangue pelos canos
burilando burilando? Que imunda
tristeza de confissão?
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Um comentário:
(refrão)???
Se há refrão há também a melodia...
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