but once there was summer and you
and dark little rooms
and sleep in late afternoons
those moments descend on my windowpane
Faz o seguinte, você pega seus olhos e depois mira. Depois reza pra ficar. Pra qualquer coisa remanescer empedrada nos olhos que não se deixe biodegradar, que não se suma na Natureza pra depois virar petróleo.
Neste retrato meu que minha amiga fez tenho os lábios repuxados numa careta revulsiva e meu perfil é duro quem sabe talvez por ser outubro dum ano terrível. Minha cabeça encima uma camiseta listrada em semitons de vermelho vestida certa feita pra conhecer o amor monumental. Lembra-me bem daquele finzinho de verão e do sorriso que benvindava à soleira apesar do pé machucado e do calor. Mais perfeita ainda é a lembrança de não saber do entrecho e muito menos do desfecho. Eu me pego querendo ser inocente de novo. Mas penso bem e não escapo à conclusão de que essa inocência só existe porque parasita entrecho e desfecho.
O desenho vai sumarento de cores, meu cigarro parece alegre. No ponto de ônibus o modelo falou uma porção de bobagens à retratista que na verdade só queriam dizer: você já viu as cores e cumpre agora mantê-las, assim explosivas, assim viventes. Para a vida inteira e isso não excetua a tristeza. Porque haverá momentos de tristeza e eles não se contentarão com o preto e o branco (é cruel, eu sei). Basta lembrar do nosso amigo Ben na piscina, "A Primeira Noite de um Homem".
Você faz assim: enquadre, não se furte a buscar o ângulo mais bonito, um que inclua uma quina de estante de madeira ou a copa de uma árvore em dia de vento. Orquestra bem tuas despedidas. Se lhe aprouver, cantarole baixinho um tema bem pontual, para cravo, violino e pistão. Porque a vida, minha amiga, não é um filme.
(Outra lembrança: fizemos a Gustavo Sampaio de madrugada, eu e esse amor monumental, e eu disse: "Tudo o mais falhando, vou tirar disso umas imagens bem bonitas". O que era mentira, mas isso não vem ao caso. Não, definitivamente não vem ao caso.)
Faz o seguinte, você pega seus olhos e depois mira. Depois reza pra ficar. Pra qualquer coisa remanescer empedrada nos olhos que não se deixe biodegradar, que não se suma na Natureza pra depois virar petróleo.
Neste retrato meu que minha amiga fez tenho os lábios repuxados numa careta revulsiva e meu perfil é duro quem sabe talvez por ser outubro dum ano terrível. Minha cabeça encima uma camiseta listrada em semitons de vermelho vestida certa feita pra conhecer o amor monumental. Lembra-me bem daquele finzinho de verão e do sorriso que benvindava à soleira apesar do pé machucado e do calor. Mais perfeita ainda é a lembrança de não saber do entrecho e muito menos do desfecho. Eu me pego querendo ser inocente de novo. Mas penso bem e não escapo à conclusão de que essa inocência só existe porque parasita entrecho e desfecho.
O desenho vai sumarento de cores, meu cigarro parece alegre. No ponto de ônibus o modelo falou uma porção de bobagens à retratista que na verdade só queriam dizer: você já viu as cores e cumpre agora mantê-las, assim explosivas, assim viventes. Para a vida inteira e isso não excetua a tristeza. Porque haverá momentos de tristeza e eles não se contentarão com o preto e o branco (é cruel, eu sei). Basta lembrar do nosso amigo Ben na piscina, "A Primeira Noite de um Homem".
Você faz assim: enquadre, não se furte a buscar o ângulo mais bonito, um que inclua uma quina de estante de madeira ou a copa de uma árvore em dia de vento. Orquestra bem tuas despedidas. Se lhe aprouver, cantarole baixinho um tema bem pontual, para cravo, violino e pistão. Porque a vida, minha amiga, não é um filme.
(Outra lembrança: fizemos a Gustavo Sampaio de madrugada, eu e esse amor monumental, e eu disse: "Tudo o mais falhando, vou tirar disso umas imagens bem bonitas". O que era mentira, mas isso não vem ao caso. Não, definitivamente não vem ao caso.)
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