permitam-me, senhores, começar
com uma distinção
transparência,
invisibilidade
e inexistência
invisibilidade
e inexistência
permitam-me, senhores,
evocar
o trino
da geladeira
(noite)
quando chegamos
pelos fundos,
da geladeira
(noite)
quando chegamos
pelos fundos,
a ama compacta
e sua vigília
vibrante, porém
contida
a um canto escuro
da cozinha, a vigília
da ama que zumba
ártica, a ama-motor
(acenando a possibilidade
de um lanche
o adiantado da hora
um copo de leite gelado
mas agora você
já tem bigodes de pêlo)
senhores, permitam-me
chamar a palácio
o Réveillon de 2005
a voz (moto-contínuo) da professora morta
(moto-contínuo) refratando-se
em muitas vozes
e uma tentativa desastrada
de afogamento
no Posto 10
aos treze anos de idade
tarde
de céu desfeito
Um Palácio (morte)
(ou a ficção palaciana
da morte)
a voz (moto-contínuo) da professora morta
(moto-contínuo) refratando-se
em muitas vozes
e uma tentativa desastrada
de afogamento
no Posto 10
aos treze anos de idade
tarde
de céu desfeito
Um Palácio (morte)
(ou a ficção palaciana
da morte)
senhores, senhores,
permitam-me
um imprevisto
um intervalo antes mesmo
de começar (o tempo dos outros
é serradura), um equívoco
por parte do pessoal
da Iluminação
uma pequena mudança de planos
uma chamada telefônica às duas da manhã
uma emergência
sim, uma emergência qualquer
& a demanda
de muito mais voz
(eu não tenho palavras,
uma mesura,
só me restam palavras,
um floreio duro das mãos,
me sobram palavras,
ele se entrega)
Um comentário:
Ual!
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