"Deve dizer-se em favor de Laurence e Joan que dentro de algum tempo os dois começaram a apreciar Pnin no seu valor pniniano único, muito embora ele fosse dentro da casa mais uma alma mal-assombrada do que um inquilino. Fez alguma coisa fatal ao novo aquecedor do quarto e disse simplesmente que não tinha a menor importância porque a primavera não tardava. Tinha uma irritante mania de sair para o patamar e ali escovar assiduamente as roupas, batendo com a escova nos botões durante cinco minutos, pelo menos, todas as manhãs. Sofria de um caso de verdadeira paixão pela máquina de lavar de Joan. Embora proibido de aproximar-se dela, era de vez em quando apanhado em transgressão. Pondo de lado todo o decoro e cautela, jogava dentro dela tudo o que lhe estivesse ao alcance da mão, o lenço, as toalhas da cozinha, um montão de cuecas e camisas trazidas às escondidas de seu quarto, só pela alegria de ver pela janelinha o que pareciam intermináveis cambalhotas de golfinhos atacados de epilepsia".
("Pnin", Vladimir Nabokov)
Um comentário:
Nabokov é apenas foda, né? "Cambalhotas de golfinhos atacados de epilepsia" só podia ter sido escrito por ele.
(Mas eu nunca li Pnin. Preciso terminar Riso no escuro... e ler Luzhin... depois Pnin, talvez)
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