“Não penso nada diante de Uganda. Na volta dos campos de concentração, também não pensava nada. Se penso alguma coisa, ignoro o que, sou incapaz de enunciá-la. Vejo. Fujo dessas pessoas que mal acabando de tomar conhecimento dessas coisas ou de vê-las já sabem pensar, e o que, e o que dizer, ou como concluir. É preciso evitar essas pessoas porque elas querem antes de mais nada perder aquele saber, afastá-lo de si passando à sua resolução imediata, é preciso fugir dessas pessoas que falam dos remédios e das causas, que falam da música na música, que, enquanto se toca uma Suíte para violoncelo, falam de Bach, que, enquanto se fala de Deus, falam de religião.”
(Marguerite Duras, “O Verão de 80”)
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