segunda-feira, 17 de março de 2008
Teu Corpo Não Pára Nunca Mais
teu corpo não pára nunca mais
quando eu tinha dezesseis anos
escrevia poemas bem ruins
eu pedia a palavra para ler em voz
alta meus poemas bem ruins
que todo mundo tinha medo
de dizer que eram ruins
porque eu usava canetinhas
coloridas porque eu gostava
tanto de exclamações e
reticências porque eu passava bastante
tempo fazendo massagem cardíaca
em adjetivos que nem meu avô
escrevia poemas tão ruins
quanto os poemas que escrevi
aos doze anos que não
me interrompessem se eu
me metesse a cantar pras
visitas (& dançar
pras visitas) (& eu chorava
todo feriado de sete de setembro
pela manhã religiosamente quando fiz
oito anos peguei medo de dormir
e do poço do elevador, veja você, nós
morávamos no décimo andar – compreende?
poemas muito ruins); mas teu corpo,
ah, teu corpo
não pára nunca mais
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Um comentário:
esse poema dança. antologia certa.
abs
leo
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