domingo, 12 de outubro de 2008

Antes


estou por te abrir minha boca
mostrar a garganta vermelha

por acender as luzes frias
da cozinha -- e a esfinge
de louça encardida

estou por descerrar os dentes
morder o ombro que me prensa um uivo
cheio de obturações

e isto daqui você
deve ter reparado
é primeiro passo
ao passo dum possível
nu

numa carreira
dos olhos num
pisco ribo
à porta da tua vila
com meu estúpido chapéu de festa
daqui a pouco as velhas começam
a matracar no quintal

e nesse breu
onde tudo afinal
chega a horizonte
os gatos fitam
feito furgões
estacionados no fim
da rua
e com as minhas peço
da tua mão
e há então essa irmandade
das armas brancas
e sou duma quietude
a bem pouco de sombra

Um comentário:

Ricardo Domeneck disse...

Espero que você esteja se "divertindo" com Fernando Assis Pacheco.
R.