segunda-feira, 9 de junho de 2008

Com a Palavra, o Exilado


Aqui em casa de minha mãe aportei faz alguns meses, e não foram numerosas, as ocasiões em que ousei me aventurar pelos caminhos dessa cidade hostil, bordejada de montanhas, pastos e alongadas estruturas que explodem em vigas expostas e retalhinhos de papel de coloração esverdeada, chamam-nas comumente árvores, mas tenho cá minhas suspeitas, de qualquer forma, no mais dos casos, minhas breves excursões ao dito “lado de fora” se limitaram, eu diria, espertamente, até a venda da esquina, presidida por um certo Seu Zacarias, com quem trato do arranjo das provisões, e a casa do advogado de minha mãe, com quem não me dou em absoluto, mas em cuja mansarda me encontro de vez em quando, não saberia explicar ao certo por quê, em verdade, Dr. Jasão é criatura das mais solícitas, não sei por que razão nutro tamanha antipatia por ele, tampouco sei dessa compulsão de visitá-lo pelo menos duas vezes por semana, de todo modo, é bom ver gente que não minha mãe, pelo menos duas vezes por semana, e na venda do Seu Zacarias, onde trato do arranjo de minhas provisões – minhas provisões – as de mamãe, ela as arranja por si só, não estamos a tratar de uma criatura inválida, mamãe não aparenta nem sente os anos que tem, ela está perfeitamente facultada a tratar do arranjo das próprias provisões, temos tratado bastante de não nos misturarmos, é tão fácil mesclar-se à mãe, especialmente nesse lugar hostil hostil e verde onde pouco ou quase nada há para se fazer que não prestar visitar inesperadas a pessoas que detestamos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ual, é você quem faz? Esse menininho com recortes pretos colocados na face?

Incrível, Ismar.Ismar, incrível.

SB