domingo, 7 de outubro de 2007

Reds


eu vivo só mas ninguém sabe
num sonho de portas pantográficas
meados de maio
com chuva e livros pelo chão

eu vivo só mas ninguém sabe
monto tendas na varanda
chaveio descampados
e apago as luzes
daqui só se vê Vênus
eu vivo só e ninguém sabe

de vez em quando eu tomo o telefone nas mãos
penso em ligar pr'alguém bastante remoto
e dizer
você não sabe
qu'eu vivo só

e apesar de tudo

dizer um mês do ano
uma estação
um número
qualquer
ajuda
eu esqueço

não entendo por que deveria ser tão difícil
não gosto das nem me conformo com
as rachaduras nessa gente
eu vivo só (dez tons acima)
ninguém vota em mim

eu vou a casamentos
e chás de panela
e chás de bebê
e open rooms
e lançamentos
e bares
e discotecas
e a outros países desse absurdo sudamérico
ninguém vota em mim.

3 comentários:

Sérgio disse...

uma interjeição: Nuuuuuuu!!!!

no hay otros paraísos que los paraísos perdidos. disse...

mas depois dessa obra de arte, nem tem mais como pensar em não votar.

Anônimo disse...

As vezes não são os outros que não nos notam, as vezes nós é que desejamos inplicitamente em não sermos notados. E passar desapercebido é o melhor dom que se poderia ganhar. Pode-se fazer tudo várias vezes, da maneira que quizer, falar o que der vontade, pois ninguém vai te reprimir, nem te criticar serias só tu e o teu eu. Ai sim poderás realmente expressar a vida e o perfil de quem é. Mas se queres atenção, escute o primeiro comentário, se queres o que todo o resto do planeta quer... NU!